sábado, 29 de setembro de 2012


REITORIA TENTA INTERVIR NO TRABALHO ACADÊMICO DA PROFESSORA VANIA MEDEIROS NA INSTITUIÇÃO
Neste período de renovação do projeto de extensão do Centro Regional de Referência para Formação de Profissionais que Atuam na Rede de Atenção aos Usuários de Drogas (CRR), Edelcides Gondim está tentando fazer intervenções técnicas e políticas no projeto, visando desqualificar a coordenação da professora Vania Medeiros.
A pró-reitora inverte o seu papel institucional: ao invés de estimular e articular as iniciativas acadêmicas dos docentes, ela tenta controlar a gestão acadêmica da professora Vania Medeiros. Para tanto, busca o apoio da Reitoria do IFPB.

Leia o relato da primeira reunião para tratar do envio do projeto:

RELATO DA REUNIÃO COM A REITORIA PARA TRATAR DE RENOVAÇÃO DO CRR
Vania Maria de Medeiros

 A publicização dos fatos promove a identificação dos pares e, de algum modo, provoca reflexões nas práticas dos gestores do IFPB, bem como na de todos os responsáveis pelas mudanças exigidas pela sociedade e pelas políticas públicas.
Recebi, no dia 19.09, uma ligação da SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), órgão do Ministério da Justiça, fomentador do projeto de extensão que coordeno, o Centro Regional de Referência (CRR), informando que havia sido enviado, por aquela entidade, no dia 17 de setembro, um ofício à Reitoria da Instituição, consultando sobre o interesse do IFPB em participar de um programa de manutenção do referido Centro.
Este ofício estabelecia o prazo, até o dia 05 de outubro, próxima sexta-feira, para responder à consulta e enviar para a SENAD o Plano de Trabalho elaborado de acordo com um modelo que estava em anexo ao ofício. Diante do curto prazo estabelecido, no dia 24 de setembro (07 dias depois) procurei saber do Reitor sobre o andamento desta consulta. Neste mesmo dia, à tarde, recebi por e-mail uma convocação da pró-reitora Edelcides Gondim, para uma reunião que aconteceria na quinta-feira (27), no Gabinete do Reitor. Na ocasião, eu entendi que se tratava da uma reunião de trabalho para encaminhamos burocráticos sobre a renovação do projeto do CRR e agradeci à Pró-Reitora pela delicadeza de vir até o campus, em decorrência da minha atual limitação física, em subir as escadas da Pró-Reitoria. Jamais imaginei que se tratasse de um embate do corpo de pró-reitores, com a intenção de me inibir à frente do projeto de minha autoria. Chegando à Reitoria, em tempo hábil, aguardei que fosse finalizada uma reunião entre FUNETEC, Pró-Reitoria de Extensão e Reitoria, para tratar do projeto, que eu coordeno, sem minha presença. Não fui convidada para este primeiro momento, o que já me deixou constrangida.  O encontro com a equipe da FUNETEC, na ante-sala da Reitoria,  me deu, de qualquer modo, a possibilidade de indagar  da funcionária da FUNETEC, responsável pela execução financeira do projeto, sobre o fechamento da prestação de contas do CRR.
O projeto foi finalizado em dezembro de 2011. Eu havia solicitado por memorando à Pró-reitora informações sobre o andamento da prestação de contas desde março de 2012; sem, no entanto, ter obtido uma resposta esclarecedora. A técnica, de forma solícita, antes do início da referida reunião, informou que não havia nenhuma pendência no projeto.
Neste momento, fui convidada para entrar na sala da Reitoria, onde já estavam presentes, a pró-reitora Edelcides Gondim, o pró-reitor de planejamento e interiorização, professor Antônio Varela, e o Reitor em exercício, professor Paulo de Tarso. Compomos o grupo, o jornalista Crisvalter Medeiros, eu, uma estudante da equipe do CRR, além do professor Rômulo Gondim, convidado para assistir à reunião, de última hora, já que ele estava na Instituição.
No início da reunião, já fui informada pelo reitor em exercício que havia pendências eletivas sobre o projeto do CRR e muitas incertezas junto a SENAD que, sem dúvidas, teriam que ser resolvidas antes da assinatura da proposta a ser enviada. O professor Paulo de Tarso disse que a execução do projeto só poderia acontecer diante de uma Segurança Jurídica o que, naquelas circunstâncias, não estava  visível no projeto. Finalmente, foi definido que, embora o IFPB tivesse interesse na proposta, isto não seria possível sem o aval da Reitoria. No prosseguimento, a Pró-Reitora de Extensão afirmou ter havido falhas no envio da proposta em 2010, por parte da FUNETEC. Afirmou, ainda, que em consulta à SENAD, descobriu que o projeto tinha acontecido por vias estranhas, que ainda precisavam ser esclarecidas. A pró-reitora disse que a realização dos cursos tinha acontecido de modo indevido, porque não tiveram supervisão pedagógica do IFPB.
Decidi superar o clima de hostilidade e autoritarismo e focar nas questões postas. Comuniquei ao professor Paulo de Tarso que estranhava a informação sobre pendências porque as metas foram alcançadas e o relatório técnico fora entregue, pela equipe do CRR, a Pró-reitoria e a FUNETEC, no tempo previsto. E acrescentei que sobre a prestação de contas da parte de execução financeira, desde o início do ano de 2012, que fora enviado um memorando à Pró-reitoria de extensão solicitando informações sobre este processo; e que, portanto, estranhava que só neste momento me fosse repassada esta informação que, aliás, não coincide com a informação prestada pela técnica da FUNETEC, momentos antes do início da reunião.
             Dando prosseguimento, informei que o edital de 2010 possibilitou o envio do projeto pela FUNETEC e que a regularidade da proposta fora avaliada pelo próprio concedente antes da assinatura do convênio, através do SICONV, sob a supervisão da advogada consultora da FUNETEC. Lembrei à Professora Edelcides Gondim, que a supervisão pedagógica e técnica da proposta estava toda prevista no projeto inicial, que fora encaminhado a Pró-reitoria de Extensão, antes do repasse que ela fizera à FUNETEC, e que fora desenvolvida com o acompanhamento do próprio órgão concedente e consultores especialistas de centros de excelência na área temática do projeto. Vale ressaltar que todas as etapas do projeto foram acompanhadas pela Pró-Reitoria conforme os memorandos de solicitações de encaminhamentos de execução financeira (todos em meu poder), para qualquer comprovação, sem nunca ter tido sido questionada qualquer inadequação técnica.
A pró-reitora, finalmente, apresentou seus objetivos relacionados ao referido projeto do CRR, motivo daquela reunião. Tratava-se de impor condições para o envio da proposta, que envolvia a participação mais efetiva da Pró-Reitoria de Extensão e a formação de uma equipe para elaboração da proposta de renovação. Segundo suas palavras “o instituto precisa ser inserido no processo”. A proposta da pró-reitora me afetou, profundamente, porque insinua que eu não faço parte do IFPB.
Neste ponto, senti-me agredida na minha autonomia acadêmica. Parece que todos tinham esquecido a minha titulação como doutora e que esta condição formativa me habilita para gerenciar esses processos acadêmicos, até que me provem o contrário.  
Desta forma, quero encerrar esse relato afirmando minha convicção de não me submeter aos processos disciplinadores autoritários que é marca registrada da atual gestão do IFPB; isto porque tenho plena convicção da minha competência e idoneidade profissional. O processo, ao qual querem me submeter, não é tecnicamente viável do ponto de vista dos trâmites acadêmicos, nem tampouco da ética profissional relativa ao exercício da livre docência. Estou respaldada pelos princípios da autonomia política e acadêmica de minha docência, e esta é minha decência.
Na referida reunião, também tive que recusar mediações tendenciosas que, de forma dissimulada, tentaram me desqualificar e tutelar minha atuação dentro da instituição, além de representar um mero e espúrio exercício de dominação. Fui agredida e na reação a esta agressão, tive que ouvir do professor Antônio Varela: “...estes modos sem educação não combinam com seu perfil”. Considero que houve uma lamentável confusão do professor, que não conseguiu separar o papel de sua ex-aluna com 16 anos idade, em 1981, e a atual professora do IFPB, com 48 anos, que é capaz de responder pela sua atuação e de reagir à manobras disciplinadoras com o intuito de me desqualificar.
Exponho estes fatos, não apenas pela mera publicização; mas, principalmente, em defesa da democratização dos processos da gestão acadêmica no IFPB. Que considerem o direito que temos de ter nossas iniciativas acadêmicas avaliadas por pares, em regime de conselhos, estabelecidos de forma legítima e democrática.  Não aceito, e não aceitarei, enquanto tiver forças para lutar, a coerção policialesca de um grupo que vê em nossas iniciativas uma ameaça à instituição, porque pela força querem se apropriar dela, perdendo de vista o valor social e científico do trabalho acadêmico que desenvolvemos, ou temos potencial para desenvolver.
Quero, realmente, e peço, a Deus e a meus pares, apoio para continuar o protagonismo histórico nesse processo de transformação da Escola Técnica Federal da Paraíba, de saudosa memória, em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, que avança no sentido da valorização dos princípios e fins da educação nacional: o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.
As mudanças exigem legitimidade e, segundo a própria lei de criação dos institutos, elas não virão somente através da força de normas e do comando, dos gestores; mas, sobretudo, de sua compreensibilidade, de sua adoção e de seu escoramento pelas pessoas e grupos responsáveis. É por estas razões que continuarei trabalhando. O projeto ficará pronto em tempo hábil, e o reitor terá que se posicionar. Estou certa que a justiça prevalecerá. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TUTELA E CORPORATIVISMO NO CONSUPER DO IFPB


Crisvalter Medeiros

O Conselho Superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (CONSUPER-IFPB) protelou, mais uma vez, a aprovação do processo que reivindica o direito à progressão funcional por capacitação para os técnico-administrativos da Instituição. A reunião que analisou o referido processo e que aconteceu na última sexta-feira (21), no auditório José Marques, Campus João Pessoa, teve a plateia esvaziada e sem a mesma força de mobilização da anterior, que aprovou a progressão funcional dos professores.

Na reunião foi consolidada a tutela docente sobre o processo da progressão funcional dos técnico-administrativos. A decisão causou frustração na categoria que esperava ser tratada com a mesma diligência dispensada aos docentes.

A relatoria do processo reivindicando a progressão por capacitação para os técnico-administrativos no CONSUPER demonstra o nível de corporativismo vigente na instituição: o processo da progressão docente foi aprovado sem muitas delongas, já a reivindicação dos técnicos promete ser uma novela sem fim.

Negar o benefício da progressão por capacitação aos técnicos é uma visão estigmatizadorae preconceituosa sobre a categoria. A postura dos conselheiros demonstra o sentimento de secundarização com esse segmento dentro da instituição, desestimulando os novos servidores que estão ingressando atualmente no IFPB, além de negar a própria natureza educacional da instituição.

As argumentações sobre o processo parecem mais um debate parlamentar do que uma arguição em um conselho superior de uma instituição de ensino.

Negar o direito à conquista da progressão funcional pelo esforço da aquisição de saber para o aprimoramento do conhecimento é negar a máxima de que os educadores precisam se reeducar constantemente. É negar o valor do conhecimento em uma instituição cujo objetivo primordial é educar; em suma, é desumanizar a relação institucional com os técnico-administrativos.

A tutela na relatoria do processo da progressão por capacitaçãotenta desmoralizar a categoria dos servidores técnicos, impingindo ao segmento a sensação de desqualificação para se auto representar. Como se não bastasse, ainda tripudiam da situação estendendo as decisões para fazer proselitismo político visandoa futuros pleitos sucessórios na instituição. É essa a relação histórica que tem marcado a convivência entre servidores técnico-administrativos e docentes dentro das instituições de ensino superior do Ministério da Educação.

Essas instituições não conseguem incluir o segmento técnico-administrativo nos processos pedagógicos e acadêmicos institucionais, considerando-ocomo mera função de apoio, ou de colaboração, salvo em raríssimas exceções. Os profissionais de nível superior, mesmo os que são portadores de pós-graduação são inseridos, mas jamais incluídos, nesses processos acadêmicos.

A escola repete o padrão de exclusão, desigualdade e injustiça social vigente nas sociedades capitalistas. Vale salientar que esta não é uma peculiaridade das escolas, é uma característica das instituições públicas brasileiras em geral. Vejamos: nas instâncias jurídicas, os juízes têm privilégios sobre os demais operadores da justiça; nos hospitais, os médicos exercem autoridade sobre enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais. Nas escolas os professores ensinam, enquanto os técnicos servem de apoio a essas atividades. Desta forma, impõe-se a visão da hierarquização dos saberes que permeia a nossa realidade cultural e educativa.

É de bom alvitre, entretanto, reconhecer que a discriminação com os servidores técnicos nas instituições de ensino profissionalizante ainda é menor do que em outras instituições de ensino. Nas Universidades, por exemplo, onde a grande maioria dos professores é composta de doutores e pesquisadores, a situação do distanciamento entre os dois segmentos é abissal.

Lamentavelmente, a situação nos institutos caminha para se equalizar a das universidades. A prova é a tutela que está acontecendo com o processo de progressão por capacitação dos técnico-administrativos no CONSUPER do IFPB.

A saída para o problema é acabar com a tutela docente sobre os técnico-administrativos. O segmento deve lutar por capacitação em todos os níveis, principalmente na área da pós-graduação, além de reivindicar inclusão nos processos acadêmicos institucionais nas áreas de ensino, pesquisa e extensão.

Dou um exemplo prático: seria mais producente para essas instituições se o técnico, com capacitação adequada, evidentemente, pudesse ser incluído nos processos administrativos e pedagógicos, através da realização de projetos integralizadores, exercendo com criatividade o seu trabalho sem a segmentação e a hierarquização de papéis. Isto democratizaria as relações entre os segmentos dentro das instituições de educação que carregam, ao longo dos anos, a visão pejorativa do autoritarismo.

Por enquanto, resta-nos o constrangimento da tutela, do sub-aproveitamento e da falta de oportunidades que também garantam a nossa projeção acadêmica dentro das instituições educacionais, principalmente daquelas que se caracterizam pelas práticas do ensino, da pesquisa e da extensão.

sábado, 8 de outubro de 2011

O CONSUPER APROVOU REIVINDICAÇÕES DOS SERVIDORES DO IFPB, A COMUNIDADE INSTITUCIONAL ASSISTIU E APLAUDIU

Foto: da homepage do IFPB

Crisvalter Medeiros


Na última sexta-feira (07), pudemos assistir a mais um capítulo da extensa novela da democratização dos processos administrativos, pedagógicos e culturais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), uma instituição centenária que, nos últimos anos, tem experimentado um intenso processo de metamorfoses educacionais em busca de uma adequação aos novos tempos.

A reunião do CONSUPER, no auditório José Marques, do Campus João Pessoa, para apreciação da pauta interna do SINTEF-PB, foi acompanhada pelo olhar atento dos segmentos que compõem a comunidade: professores, técnicos e estudantes, através de um telão exposto no pátio interno.

As matérias aprovadas na reunião do CONSUPER, órgão de deliberação máxima da Instituição,  foi o resultado da pressão exercida pelo Sindicato que congrega docentes e técnicos da Instituição que, na gestão atual, sem desconsiderar o papel histórico das gestões anteriores, tem enfrentado o autoritarismo que caracterizou a gestão do ensino técnico nos últimos cem anos. Autoritarismo que, atualmente, não faz mais sentido já que os postulados da educação profissional e tecnológica contemporâneos primam muito mais pela democratização do saber, da gestão do saber; pelas relações dialógicas e pelo desenvolvimento da criatividade, ao invés dos princípios meramente disciplinadores e punitivos.  

Os conselheiros conseguiram aprovar reivindicações da categoria que, há muito, vinham se arrastando no ramerrão característico da atual gestão do IFPB. Foram aprovadas a flexibilização da jornada de trabalho para 6 horas, as normas de remoção interna e a regulamentação da progressão funcional dos docentes do IFPB. A apreciação do PRONATEC, as normas de democratização de alguns procedimentos institucionais e a progressão dos técnico-administrativos ficaram para a próxima reunião.

A reunião do CONSUPER foi acompanhada pelo olhar atento dos integrantes dos segmentos institucionais, inclusive, dos estudantes. É claro que numa situação de total transparência nenhum gestor, que tenha intenções políticas na instituição, teria a coragem de se interpor às reivindicações, por demais justas, dos servidores. A reunião, obviamente, serviu de palco para algumas lideranças, que têm mais perspicácia política e bom-senso, preparar terreno visando à próxima sucessão à reitoria e outros cargos político-administrativos da instituição.

O destaque da reunião, justiça seja feita, foi o esmero da relatoria do processo da regulamentação da progressão funcional dos docentes pelo professor Avenzoar Arruda, seguida pelo apoio do professor Cícero Nicácio do Nascimento Lopes, diretor do Campus de Campina, e do diretor do Campus de Sousa, Francisco Sicupira. A pedagoga Maria José Dantas também demonstrou sua competência administrativa na defesa da flexibilização da jornada de trabalho para 6 horas na instituição. Foi, sem dúvida, uma reunião histórica no IFPB.

Além das especulações políticas, fato notório é que a democracia foi a grande vedete  da reunião e, isto, deve-se ao fator da categoria está articulada, participativa e principalmente de olho na gestão. Essa articulação, conquistada a duras penas, tem de continuar, não podemos mais nós dispersar.

Na próxima reunião devermos estar novamente de olho na votação do CONSUPER. Gestão pública não se faz com autoritarismo, nem articulações dissimuladas, sucumbidas em gabinetes; mas com transparência e total visibilidade. Os filósofos e os sociólogos sabem muito bem que, desde o início do século XVIII, o olho tornou-se a principal ferramenta de apoio ao poder, desta forma, pode se dizer: olhar é poder.

Portanto, que o SINTEF-PB providencie para que possamos assistir novamente a próxima reunião do CONSUPER, no dia 21 de outubro, que vai deliberar sobre causas importantes para toda a comunidade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

AUSÊNCIA DOS SERVIDORES PREJUDICA A INTENÇÃO DE DEBATER O PRONATEC NO CAMPUS DE JOÃO PESSOA

Foto: Comunicação Social do IFPB

Crisvalter Medeiros


O debate sobre o PRONATEC, que aconteceu ontem (05), no auditório José Marques, do Campus do IFPB, em João Pessoa, fortalece a visão da hipocrisia da atual gestão da Instituição. A platéia composta por meia dúzia de servidores não representou o conjunto da categoria. Não houve a mesma disposição dos gestores para convocar os servidores como aconteceu na assembléia para por fim à greve nacional.
Por outro lado, há indícios de que o projeto deverá ser desenvolvido no mesmo estilo clientelista das demais ações institucionais, premiando-se quem é aliado e excluindo quem se matem em uma posição crítica diante da gestão.

O órgão mais importante na execução do PRONATEC, a Pró-Reitoria de Extensão, não se fez presente ao debate. O que se viu, mais uma vez, foi o estilo de “gestão vicariante” que vem sendo adotado na instituição com o super-professor Paulo de Tarso, com todo respeito às suas competências acadêmicas, substituindo outros gestores do IFPB. O lado positivo do evento foi a intenção do SINTEF-PB, em debater o projeto, o que é bastante louvável nas circunstâncias atuais.
Os grandes protagonistas da ‘mise en scène” do debate sobre o PRONATEC foram os estudantes representantes das entidades que, com discursos onde se percebia a óbvia orquestração da gestão e de partidos políticos, roubaram a cena que seria dos servidores da Instituição.

Em suma, o debate sobre o PRONATEC ainda não aconteceu, é preciso convocar os servidores para fazer essa discussão que também não pode prescindir da participação das representações dos movimentos sociais.

Por fim, gostaria de lembrar que a educação profissional e tecnológica no Brasil foi implantada há mais de cem anos com o objetivo de atender aos desvalidos da sorte. Essa educação continua correndo através desses desvalidos que são mais rápidos e se proliferam de maneira mais profusa que as políticas públicas na educação. Como a educação brasileira depende de iniciativas da elite intelectual, uma das mais cruéis e desumanas do mundo, continuaremos na mediocridade e na base da hipocrisia.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A GREVE ABORTADA - PARA ALÉM DAS OBVIEDADES



Crisvalter Medeiros

“O poder não é um objeto natural, uma coisa, é uma prática social, e como tal, constituída historicamente” Michel Foucault

A saída dos servidores do Campus do IFPB, em João Pessoa, de forma extemporânea da greve deflagrada pelo SINTEF-PB, em defesa de uma educação de qualidade e da democratização da instituição, tem um significado bem mais profundo do que se pensa superficialmente; o problema está amalgamado nas diferenças históricas das relações que orientam os interesses individuais e coletivos dentro das instituições de ensino superior.

Parte dos servidores do Campus de João Pessoa cônscios da prática ilícita  invadiu sorrateiramente, pelos fundos, o auditório José Marques onde acontecia a assembleia da categoria, pela porta aberta por alguns gestores da instituição, para votar contra a continuidade da greve da categoria. 

Vergonha. Este é o sentimento que fica da prática dos colegas que macularam o movimento dos servidores públicos federais. Vamos nos beneficiar parasitariamente das conquistas da categoria em nome de uma atitude autoritária dissimulada de legalismo.

Os colegas servidores que abortaram a greve  causaram um grande prejuízo à Instituição quebrando a concepção de rede multicampi, faltou sentimento de solidariedade com os companheiros e estudantes dos Campi do interior, que funcionam em situação precária. O comportamento demonstra que não há interesse, não há parceria, não há cumplicidade entre todos os campi da Instituição: existe o Campus de João Pessoa, com suas áreas hegemônicas de excelência, e os demais Campi precarizados e discriminados pela administração central e por parte dos alunos e dos servidores.

Apesar da vulgaridade e violência do comportamento dos nossos companheiros que invadiram a assembleia para abortar a greve, há uma forma de explicá-la. Existe uma distinção histórica entre servidores técnico-administrativos e docentes nas instituições de ensino superior. Os técnicos, reduto no qual me incluo, veem a instituição de forma utilitarista: é o emprego onde ganha-se dinheiro. Isto se dá pela exclusão deste segmento dos processos educacionais, o que nos torna alienados aos objetivos do ensino, pesquisa e extensão; uma questão bastante difícil de resolver. Como toda regra tem suas exceções, também há docentes que se comportam da mesma forma com a instituição: aqueles que estão lá para garantir a aposentadoria, mantendo atividades paralelas em detrimentos da qualidade da educação. Por fim, há aqueles que se alienam mergulhados na autoadmiração que gera um tipo de vaidade doentia.

Não podemos deixar de lamentar o papel de alguns docentes, momentaneamente ocupantes de cargos de direção, que através de “leis, ordens, regulamentos, isto é, as armas tradicionais do soberano” (Foucault), arrogam para si o poder de prejudicar os colegas de profissão.

Por fim, há a pior de todas as espécies que coabitam sobre a terra “o zé ninguém”: o homem comum que faz de si o seu próprio carrasco, que transforma o seu sofrimento e revolta em honrarias e tributos ao inimigo; aquele que é capaz de assassinar até os seus amigos (Wilhelm Reich).

Infelizmente, esta é a instituição que temos e que está permeada pelo egoísmo, pela falta de solidariedade e pelo autoritarismo gerencial ou intelectual que produz verdades distorcidas. Mas, felizmente, não é a instituição que queremos para exercer a nossa cidadania e nos desenvolver enquanto seres de sociabilidade. A instituição que queremos está sendo construída e aos poucos vai sendo revelada.

Aos meus colegas dos Campi do IFPB no interior e aos que tiveram a coragem de ser fiéis ao movimento nacional.

sábado, 24 de setembro de 2011

IVANILDA GENTLE VOLTA AO IFPB COM PROJETO PARA RESSOCIALIZAR OS DETENTOS PARAIBANOS

Visão Crítica

Da esquerda para a direita: Ivanilda Gentle, Edelcides Gondim, Secretário Harrison Targino, Reitor João Batista



Crisvalter Medeiros (jornalista)

Para quem não teve a oportunidade de acompanhar a trajetória da servidora Ivanilda Gentle na Instituição, ela foi diretora do Campus João Pessoa, quando ainda CEFET-PB, na gestão do professor  Rômulo Gondim. Ivanilda viveu momentos difíceis de sua vida profissional na Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, na gestão da professora Edelcides Gondim.


A servidora Ivanilda Gentle era coordenadora do Projeto Casa Brasil que foi aprovado, na sua primeira edição, na gestão do professor Rômulo Gondim. Não se sabe o porquê, mas o fato é que o projeto não conseguiu caminhar sob a coordenação da servidora Ivanilda Gentle, na gestão da professora Edelcides Gondim, atual ocupante da Pró-Reitoria de Extensão do IFPB.


Com a saída da servidora Ivanilda Gentle do IFPB, uma nova versão do projeto Casa Brasil foi enviada à agência de fomento, foi aprovada e está em plena execução. Atualmente, com outro coordenador à frente, o projeto conta com o apoio irrestrito da Pró-Reitoria de Extensão, sendo um dos mais bem sucedidos da instituição. Alguém poderia me explicar que tipo de comportamento é esse da Pró-Reitora de Extensão do IFPB?


Para quem não conhece os meandros do exercício do poder no IFPB, Ivanilda não conseguiu apoio para o projeto Casa Brasil, simplesmente por não compor as hostes do atual grupo político hegemônico na instituição. Pelo que consta, a servidora experimentou muita frustração durante o período em que resistiu e permaneceu à frente do Casa Brasil. Como a pressão contra ela era insustentável, a servidora decidiu ficar à disposição da UFPB, integrando a equipe de um programa de Defesa dos Direitos Humanos.


Quem tem competência se estabelece. O desdobramento do episódio é que Ivanilda foi convidada pelo Governador do Estado para ocupar o cargo de Gerente Executiva de Ressocialização da Secretaria de Administração Penitenciária. Recentemente, a servidora acompanhou o Secretário da Administração Penitenciária, Harrison Targino, numa audiência no gabinete do reitor do IFPB para propor uma parceria, possivelmente com a Pró-Reitoria de Extensão, para desenvolver um programa de ressocialização de detentos paraibanos.


A exclusão da servidora Ivanilda Gentle, de forma bastante dissimulada, como é prática da atual gestão do IFPB, não adiantou. Ela deu a volta por cima, e em grande estilo. A servidora Ivanilda Gentle nos dá uma grande lição de humildade e compromisso social retornando à instituição que negligenciou suas competências profissionais com um projeto visando, única e exclusivamente, beneficiar um dos segmentos mais desprestigiados da sociedade: os presidiários.


Moral óbvia ululante da história: A instituição pública não deve ser administrada como propriedade privada, pois a sua função pública sempre se impõe.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Servidores dos Campi de Cajazeiras e Sousa debatem o IFPB que somos e o IFPB que queremos

Servidores do IFPB em atividade de greve


Dando prosseguimento à programação da greve dos servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), o servidor Gilvandro Vieira articulou junto ao Comando de Greve Estadual um debate nos Campi de Sousa e Cajazeiras sobre o “IFPB que somos e o IFPB que queremos”.

O evento, realizado na última quarta-feira (21.09), contou com a participação da professora Vania Medeiros, coordenadora do Centro Regional de Referência (CRR-IFPB), do professor Thadeu Matos, da Coordenação de Assuntos Socioculturais do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Educação Básica e Tecnológica da Paraíba (Sintef-PB) e do servidor Crisvalter Medeiros, lotado na Pró-Reitoria de Extensão.

CAMPUS DE CAJAZEIRAS

O evento em Cajazeiras foi realizado no auditório do Campus, pela manhã, com a participação de técnicos, professores e profissionais da comunidade, a exemplo da titular da Delegacia da Mulher, representante do 6º Batalhão da Polícia Militar, integrantes dos CRAS-Centro de Referência em Assistência Social e do CREAS -Centro de Referência Especializado em Assistência Social e do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial.

O grupo foi recepcionado pelos servidores Emerso Lunguinho e Alberto Santos que fizeram uma explanação sobre os desdobramentos das negociações do comando nacional de greve junto às instâncias superiores da Educação e do comando local com a Reitoria.

Em seguida, a professora Vania Medeiros fez uma explanação sobre o desenvolvimento da extensão no mundo e no Brasil. A professora também apresentou o Programa de Prevenção ao Uso de Drogas na Escola – Rede Viva, que foi implantado na Instituição em 2005, gerando outras iniciativas na área, a exemplo do Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Dependência Química (NETDEQ) e o Centro Regional de Referência (CRR-IFPB).

A professora ressaltou que o CRR-IFPB teve uma ampla repercussão no âmbito da Rede Federal de Educação Tecnológica, principalmente na SETEC, gerando políticas públicas na área da Educação Profissional e Tecnológica, a exemplo de um Campus especializado nessa área em São Sebastião, Brasília-DF; com a possibilidade da implantação de outros campi na Rede.

EXCLUSÃO CURRICULAR

O servidor Crisvalter Medeiros fez uma explanação sobre o sub-aproveitamento dos servidores técnico-administrativos de nível superior nas instituições de ensino superior, onde esses profissionais desempenham apenas atividades de apoio ao ensino o que, muitas vezes, gera exclusão curricular. A situação, que não tem nenhum tipo de gerenciamento no IFPB, bem como na maioria das instituições de ensino superior do país, causa frustração na vida profissional e adoecimento dos técnico-administrativos.

Segundo o servidor, a superação desse problema pode acontecer através da implementação das políticas de pós-graduação, extensão e pesquisa, além de outros instrumentos de capacitação adequados e estímulo para que os servidores sejam inseridos nos processos educacionais das instituições e possam contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, sendo coparticipantes do processo de desenvolvimento humano, econômico e social das comunidades.

O professor Francisco Tadeu reforçou a necessidade de se gerenciar melhor a questão da participação dos técnico-adminsitrativos no currículo da educação. Matos explanou sobre os problemas sociais relacionados às drogas, principal as lícitas.

A parte mais significativa do evento foi o debate com a platéia, momento em que alguns servidores do Campus de Cajazeiras aproveitaram para fazer verdadeiros desabafos sobre a insatisfação profissional dentro da instituição pelo sub-aproveitamento de competências, o que gera exclusão curricular de habilidades importantes para a melhoria da educação. O servidor Filipe Medeiros se revelou totalmente frustrado e adoecido após 15 anos de relacionamento profissional no Campus de Cajazeiras.

CAMPUS DE SOUSA

No período da tarde, o grupo participou de atividade educativa realizada no auditório do Campus de Sousa com a participação de professores, técnicos e profissionais da sociedade local. Em decorrência dos problemas sociais relacionados às drogas que também já podem ser vistos até nas comunidades rurais da Região. Em decorrência da identificação dos docentes daquele Campus com a extensão, ficou acertado a realização de contatos posteriores à greve com o objetivo de se desenvolver alguma ação de prevenção em parceria com entidades locais, a exemplo da Prefeitura e Conselho Tutelar. O servidor Alberto Santos ressaltou a importância do CRR se aproximar daquele campus. Também foi discutida a relevância da inclusão desta temática no currículo dos Programas Especiais da Instituição, a exemplo do CERTIFIC.

O problema da frustração profissional de técnicos de nível superior em decorrência da exclusão curricular também identificado no Campus de Sousa. O público participou de forma entusiasmada do debate sobre o problema do uso de drogas na sociedade.

 O debate